top of page

Objeto Transicional

Foto do escritor: LanternaLanterna

Atualizado: 18 de abr. de 2024


Em 2024 o clássico "O Profissional" completa 30 anos!


Matilda, a primeira personagem a lançar Natalie Portman ao estrelato, é uma criança de 12 anos da periferia de Nova York com um vida familiar completamente conturbada.


Criada com os irmãos e a mãe, que se prostitui, a casa é constantemente perturbada por brigas e episódios violentos, protagonizados, na sua maioria, por um oficial corrompido do departamento de Justiça de Nova York.


Em um esquema de contrabando de drogas, o oficial invade a casa de Matilda e mata todos os moradores, incluído o irmãozinho de Matilda de apenas 4 anos de idade.


Em apuros, Matilda é recebida pelo seu vizinho, Leon, um matador profissional, a quem ela se volta totalmente, e a quem a inspira a querer aprender a matar, especialmente para se vingar da morte do irmãozinho.


No lar caótico, Matilda se refugiava no aconchego do irmão mais novo, que dormia abraçado a ela e era basicamente sua única fonte de conforto.


Esse irmão tinha um coelho de pelúcia, que acabou por substituí-lo após a morte dele.


Sempre que Matilda atravessa seus momentos de saudade e de tristeza, ela abraça o coelho como se estivesse lembrando de como era abraçar o dono dele.


Ao longo do filme, notamos que o coelho pode ser entendido como objeto transicional, assim dito na psicanálise...


Quando Winnicott explora o conceito, em "o brincar e a realidade", ele apresenta o objeto transicional não como o primeiro objeto da vida, mas como "a primeira possessão".


Para o sentimento do bebê, ou da criança, o objeto transicional não é externo, como parece óbvio ao restante, pois ele ainda não foi separado da "unidade" do indivíduo.


É descrito como "transicional" por ser intermediário na experiência. Na relação com o objeto, será ele o item que conforta a nova situação, entre a atividade criativa primária (o abraço de alguém) e a projeção do que já foi introjetado (repetir a sensação já vivida do abraço).


No processo de entender a ausência definitiva de uma experiência primária, o objeto transicional é uma ponte "almofadada". Ela tenta confortar o indivíduo que caminha rumo ao desconhecido, ao incerto, ao futuro, ao próximo passo.


Podemos até especular e pensar o objeto transicional como uma espécie de amuleto, ou protetor especial, de um portador ansioso, amedrontado, inseguro ou conflituoso em momentos de crise.


Durante o caminho na ponte, sabemos, ou suspeitamos, de que não podemos voltar, ou teremos perdido parte do nosso avanço em relação às mudanças que já se apresentam. É claro que essa percepção é mais latente do que óbvia, e, por isso, está tão marcada de angústias, anseios, expectativas e medos.


Então buscamos um elemento simbolizante da repetição, da memória, do vivido, do criado.

O coelho de Matilda tem esse papel de reposição emocional; sendo defesa contra a ansiedade, especialmente depressiva.


É interessante aos estudos, também, pensar na planta de Leon como um possível objeto transicional, mas dessa vez dele. Ainda caminhando no seu processo de maturidade emocional e psicológica, Leon nunca deixou raízes familiares, como uma planta no vaso.


Entende a plantinha com identificação, a partir da qual se admite progredir do princípio do prazer: atribui a ela amizade e felicidade. Na falta de uma rotina, a rotina é cuidar da única coisa que se adapta a ela: a planta.


Assim como é feita uma ponte, o objeto transicional é feito para proporcionar mobilidade na estrutura. Nesse caso, falamos da propriedade psíquica de alguém desconfortável por ter de mover-se.


Sabe aquela velha história de "eu queria estar em tal lugar, sem ter de viajar até lá?". Talvez isso explique melhor o fenômeno transicional.


E então, o que você acha? Objetos transicionais, ou mesmo fenômenos transicionais, são apenas para crianças? Ou podemos estudá-los diante de qualquer pessoa durante o desenvolvimento psicossocial?


O que podemos dizer é que todo objeto transicional guardará qualidades especiais na relação com o indivíduo investido!














 
 
 

Comments


bottom of page