O ID é a parte inconsciente da mente que opera de acordo com impulsos instintivos e com gratificação imediata, sem considerar as consequências sociais. Ele desempenha um papel fundamental no funcionamento da personalidade, de acordo com a teoria psicanalítica de Freud.
Dando exemplo, reconhecemos nosso ID nos desejos e nas paixões mais desenfreadas, pense talvez nos pecados capitais para ajudar a visualizar o instinto e o prazer na caricatura social.
Bella Baxter, personagem central de "Pobres Criaturas" é uma jovem suicida resgatada por um médico fascinado pelos experimentos neurocientíficos. Com a intenção de preservar a vida dela após jogar-se de uma ponte, o médico retira o cérebro da moça e o substitui pelo de seu feto.
Isso nos leva à uma experiência audiovisual completamente à parte de toda a estrutura lógica e científica que fundamenta a psicanálise, que é justificar o indivíduo pelo meio cultural.
Com a razão e a percepção de um recém-nascido, Bella nos agracia com momentos tragicômicos que enfrentam as dores e as virtudes mais idealizadas das civilizações modernas.
Nua de condicionamentos, bagagem moral e emocional, ela aprende, e encanta, com uma simplificação espontânea da vida.
Fazendo um paralelo com as camadas mentais na teoria de Freud, Bella nos parece a personificação do ID, ou seja, daquela parcela mental profunda que permanece sombria, escondida ou inaceita pelos filtros do ego e do superego.
Identificar o nosso ID, na psicanálise, não é algo tão direto como, por exemplo, identificar uma parte do corpo. O ID é uma parte inconsciente da mente, o que significa que não temos acesso direto a ele em nossos pensamentos conscientes, por isso, as atitudes de Bella, completamente impensadas na convivência comum, parecem genuinamente distantes do campo consciente.
Há algumas maneiras de reconhecer a influência do ID em nossas vidas e em nosso comportamento, através de sonhos, por exemplo, ou análise de padrões, condutas de impulso e das fortes reações emocionais.
Tudo aquilo que imprevisivelmente choca é tratado como reflexo do lado obscuro do homem, você se lembra de "O médico e o monstro?", poisé! Pode ser visto como bom exemplo da incontinência da influência do ID.
Maravilhosamente; direção, fotografia e roteiro de 'Pobres Criaturas' trabalham com recursos que nos remetem à inconsciência da mente, como a utilização de lentes de câmera no formato olho de peixe, figurinos e contextos de época, e recursos visuais que nos lembram sonhos.
O longa leva 4 oscars para casa no ano de 2024, após nos trazer várias reflexões, a exemplo do condicionamento cultural da moralidade, ou mesmo, da educação e do desenvolvimento pessoal como chaves de liberação dessas ideias.
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